quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Diários do Vampiro o Retorno - Meia-Noite.


“Por um momento, Matt se perguntou o que havia de errado. Sabia que faltava alguma coisa. Tinha deixado o ar mais pesado.
E então ele percebeu. Cada ave, inclusive os corvos rouquenhos que moravam nos carvalhos, tinha ficado em silêncio.
Todos ao mesmo tempo.
.. e havia duas crianças brincando no antigo carvalho. Só que não brincavam. Um menino estava pendurado pelos joelhos, de cabeça para baixo, e o outro devorava alguma coisa.. de um saco de lixo.
A criança pendurada o fitava com olhos estranhamente penetrantes.
-Já imaginou como é estar morto? - perguntou.
E agora a cabeça do menino que comia apareceu, coberta por vermelho vivo e grosso em volta da boca. Vermelho vivo…
…sangue. E… o que estava no saco de lixo se mexia. Esperneava. Debatia-se. Tentando se libertar.
Depois, como se agitado por uma lufada de vento, Matt sentiu os pelos da nuca se eriçarem. Não foram só os passarinhos que ficaram em silêncio. Tudo silenciara. Nenhuma voz de criança se erguia numa discussão, cantando ou falando.
Ele girou e viu por quê. Elas estavam encarando Matt. Cada criança da quadra o olhava em silêncio. Depois, com uma precisão de arrepiar, enquanto ele se voltava para olhar os meninos na árvore, todas as outras vieram na direção dele.
Só que não andavam.
Elas se arrastavam. Feito lagartos. Por isso algumas pareciam estar brincando de bolas de gude na calçada. Todas se movimentavam da mesma maneira, com a barriga próxima ao chão, os cotovelos erguidos, as mãos como patas dianteiras, os joelhos abrindo-se para o lado.
Em uníssono, as crianças soltaram um silvo. Era como um motor a vapor gigante. Hssssssssssssssss.
Enquanto Matt se virava para olhar um grupo, este paralisou, a não ser pela respiração incomum, mas sentia aquelas atrás dele se aproximando.
Agora o coração de Matt martelava nos ouvidos. Ele podia lutar com um grupo, mas não com o que estava as suas costas. Algumas pareciam ter só dez ou 11 anos. Outras pareciam quase da idade dele. Havia até meninas, pelo amor de Deus. Matt se lembrou da última vez em que ele as encontrou e sentiu uma repugnância violenta.
Mas ele sabia que olhar a criança que comia o deixaria mais enjoado. Ele ouvia os estalos, a mastigação, e ouvia um assobio agudo de dor e fraqueza da coisa que lutava contra o saco.
Ele girou rapidamente de novo, para afastar as crianças do outro lado, depois se obrigou a levantar a cabeça. Com um barulho suave, o saco de lixo caiu quando ele o pegou, mas a criança segurava o que estava em…
Ai, meu Deus. Ele está comendo um bebê! Um bebê! Um…”

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